Do Estadão
Depois de dois dias de debates, o PT aprovou neste domingo, 4, uma diretriz para as eleições municipais de 2012 que abre brechas para alianças com partidos de oposição. Embora a resolução do 4.º Congresso do PT diga que o PSDB, o DEM e o PPS são “adversários”, com os quais os petistas não formarão chapa, o partido da presidente Dilma Rousseff barrou uma tentativa de última hora de proibir o apoio dos rivais.
Com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT de Minas, deputado Reginaldo Lopes, subiu à tribuna para pregar que os partidos de oposição não fossem expulsos dos palanques. “O simbolismo de uma aliança está na chapa de prefeito e vice. Agora, nós vamos negar receber apoio? Se quiserem nos apoiar, vamos dizer não?”, perguntou ele.

Em Minas, há uma articulação em curso para que o PT avalize a reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), com o apoio do PSDB. O atual vice-prefeito, Roberto de Carvalho (PT), brigou com Lacerda e prega candidatura própria. Lacerda e o senador Aécio Neves (PSDB), por sua vez, querem a reedição da parceria com o PT, vista com bons olhos por Lula. A polêmica rachou o PT em 2008.

“Nas eleições de 2008 nós fizemos, em Minas, 165 alianças com o DEM, 122 com o PPS e 222 com o PSDB. Então, não podemos ser hipócritas”, disse Lopes. Na tentativa de conter uma rebelião petista que também queria impedir coligações com o PMDB, em 2012, o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, afirmou que os petistas não podem querer impor hegemonia.

“Não podemos fazer alianças de esquerda e depois ir para a direção nacional e pedir exceções”, insistiu Falcão, diante de um plenário lotado, convocado para reformar o estatuto do PT e aprovar uma resolução política sobre os desafios do partido.

No fim das contas, o texto que passou pelo crivo do 4.º Congresso diz que o objetivo do PT é ampliar a presença do partido e das siglas aliadas no comando dos municípios, especialmente nas capitais e nas cidades com mais de 150 mil eleitores.

“Na prática, isso será avaliado caso a caso, lá na frente”, disse o deputado Devanir Ribeiro (SP), diretor do Instituto Lula.