POR OSWALDO VIVIANI e JULLY  CAMILO

O blogueiro Marco Aurélio Nunes D’Eça, colega de profissão e amigo do jornalista Décio Sá, confirmou, na tarde de ontem (7), em depoimento à Justiça, que quatro dias depois do crime, recebeu uma mensagem de texto, por celular, de outro blogueiro, Luís Pablo Conceição Almeida, informando que o deputado Rigo Teles teria dito a ele [Luís Pablo], durante o velório do jornalista, que havia conversado por celular com Décio, meia hora antes de sua morte. D’Eça foi um dos quatro jornalistas/blogueiros que foram ouvidos ontem, durante o segundo dia das audiências de instrução do “caso Décio”, que acontecem no Fórum Desembargador Sarney Costa (Calhau). Assim como ocorreu no primeiro dia das oitivas, somente Shirliano Graciano de Oliveira, que está foragido; José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Junior Bolinha” (que está preso) e o advogado Ronaldo Henrique Santos Ribeiro (que está em liberdade e teve seu processo desmembrado dos demais) não participaram das audiências de instrução.
Em seu depoimento à polícia, o blogueiro Luís Pablo não falou da declaração de Rigo Teles a ele no velório nem da mensagem que teria enviado a Marco D’Eça. No entanto, o Jornal Pequenoapurou que ele também confirmaria o fato em seu depoimento à Justiça, que seria dado na tarde de ontem.
 rigo no velório
Rigo Teles (atrás de todos), no velório do jornalista Décio Sá

Segundo o que Marco D’Eça disse à polícia, ele recebeu uma mensagem no seu celular, por volta de 17h do dia 27 de abril de 2012, do blogueiro Luís Pablo, cujo teor era o seguinte: ‘Tenho uma revelação para fazer sobre alguém saber que Décio estava no local [bar e restaurante Estrela do Mar]. No velório, o deputado Rigo Teles me falou que havia conversado com Décio por volta das 22h do dia de sua morte. Tire sua conclusão e mantenha sigilo do que eu disse’. D’Éça teria respondido a Luís Pablo: ‘Gravíssimo, Pablo. Tu tens certeza?’ Luís Pablo teria respondido: ‘Absoluta. Quando ele [Rigo Teles] me falou, levei um susto. Se você quiser depois checar a informação, tenta sondar. Pergunta a ele, sem dar bandeira, que talvez ele possa dizer. Ele me disse que assim que saiu do Estádio Nhozinho Santos, após o jogo do Cordino [Moto Club 4 x 2 Cordino], falou com o Décio, por volta das 22h’.

Relacionamento – Segundo o jornalista Itevaldo Junior, arrolado pelo Ministério Público, as perguntas da Promotoria e dos advogados de defesa dos 12 denunciados versaram em torno do relacionamento de trabalho da testemunha com Décio Sá. O jornalista disse também que foi indagado sobre a identidade dos acusados, mas relatou que não os conhecia.

O blogueiro Hostílio Caio Pereira da Costa, que também foi convocado para as oitivas, disse que era amigo da vítima e que antes de sua morte notou que Décio, que sempre foi tranquilo, apresentava um ar de preocupação e inquietação. “Em nosso último almoço, pedi para ele parar de mexer com homens doentes por dinheiro, pois eles não tinham muita coisa a perder. Notei que nos últimos dias ele estava agitado, preocupado e um pouco chateado. Eu acabei viajando, mas ainda liguei para ele no dia do crime, por volta de 20h30, e Décio ainda estava na redação, mas acabamos não nos falando direito porque ele estava recebendo outra ligação. Na madrugada, soube do crime e fiquei chocado com a notícia, só me restou lamentar”, afirmou Caio.

Testemunhas – Foram arroladas pelo Ministério Público e estiveram no Fórum, na manhã de ontem, as testemunhas: Itevaldo Ribamar Soares Costa Jr., Laryce Damacena Bezerra, Marcos Paulo Paiva Gomes, Jordão Dominici Figueiredo Penha, Hostílio Caio Pereira da Costa, Marco Aurélio Nunes D’Eça, Luís Pablo Conceição Almeida, Marcelo Augusto Gomes Vieira, Fábio Rogério Barbosa Câmara e Airton Martins Monroe, conhecido como “Neguinho” (que até o fim dos trabalhos matutinos, por volta de 13h, ainda não havia comparecido ao local das audiências). As oitivas prosseguiram às 14h30. A imprensa, como no dia anterior, não teve acesso à audiência, que aconteceu a portas fechadas. O blogueiro Marcelo Vieira pediu para depor sem a presença dos denunciados, o que foi aceito pelo juiz Márcio Castro Brandão, que preside as audiências.

Acusados – Ao todo 12 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público.
Em continuação as audiências, serão ouvidas hoje (8) as testemunhas: Mariana Amorim Mualem; Kaine Fernandes Costa; Sebastiana Cantanhede Baldez, a “Tiana”; Adriana Silva de Oliveira; Laércio Carlos Tavares Matos; Paulo Roberto Pinto Lima Oliveira, o “Carioca”; Lucivalda Martins Carvalho; Marcos Bruno Martins (denunciado como ‘piloto de fuga’ do assassino de Décio); Jacira Nunes Aguiar; e Josival Cavalcanti da Silva, o “Pacovan”.
‘Bate-boca’ – Segundo o blog do jornalista Gilberto Léda, o advogado Armando Serejo, que representa “Júnior  Bolinha”, bateu boca na audiência de ontem com o promotor Luís Carlos Correa Duarte, responsável pela denúncia do “caso Décio” à Justiça.

Quando se referia a Bolinha, Duarte utilizava sempre a expressão “quadrilheiro”, de acordo com o blog. Invocando a Constituição, Serejo tentou impedir que o membro do MP usasse o termo para identificar seu cliente.
Mas o promotor foi duro: “Me refiro ao denunciado como eu quiser. Fui eu quem o denunciou por formação de quadrilha”, teria dito Duarte.